Título: The Slow Regard of Silent Things
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Daw Books
Número de Páginas: 159
Idioma: Inglês
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Daw Books
Número de Páginas: 159
Idioma: Inglês
Este é um livro estranho. Sim, estranho. É a primeira
palavra que me vem à cabeça quando penso em descrevê-lo. É um livro curto mas
difícil de ler ao início por ser tão diferente de todos os outros livros que já
li. Contudo, depois de percebermos a dinâmica da história trata-se de uma
leitura viciante, que, sem percebermos muito bem porquê, nos mantém agarrados à narrativa
e à sua única personagem, Auri.
Auri é uma jovem mulher muito peculiar, reservada,
solitária, cheia de mistérios, com um quê de loucura e insanidade mas que dá a
entender que em tempos foi alguém brilhante. É uma personagem quebrada, fragmentada
mas que tem noção que o é, tornando muito fácil simpatizar com ela.
Acompanhamos Auri no seu dia-a-dia na Underthing, uma vasta e complexa zona subterrânea cheia de túneis,
divisões e escadarias que se localiza debaixo da Universidade, e na sua
preparação para a chegada de uma visita cujo nome nunca é referido mas que os
fãs de O Nome do Vento identificarão
facilmente.
Perguntam então, o que é que o livro tem de tão estranho.
Trata-se mais daquilo que não tem. Não existe um único diálogo. Não existe
acção, no sentido de uma história que se desenvolve, pois trata-se unicamente
de um relato do monótono dia-a-dia da Auri, nada mais. A história não leva a
lado nenhum, não converge para nenhum grande momento de revelação. É,
simplesmente, uma história sobre a Auri. Que nos permite conhecê-la melhor a
ela e ao estranho local onde vive. É uma história para os fãs da Auri.
Para quem está a contar encontrar revelações sobre a vida de
Kvothe e a história principal das Crónicas do Regicida, este livro tem muito
pouco disso, um ou outro indício que pode estar relacionado com o nosso
arcanista ruivo preferido mas nada mais. Há, contudo, um tema recorrente, tanto
neste livro como nos outros passados em Temerant, que é a importância que a
Auri dá aos nomes e à compreensão das coisas em geral, o modo como o nome de
cada divisão na Underthing está
intimamente relacionado com a divisão em si e como cada objecto tem um lugar
específico no mundo.
É ainda um livro com uma escrita bastante particular que
permite ao leitor acompanhar e compreender a tão fora do comum mente da Auri. Isto
não é uma crítica, muito pelo contrário, esta forma de escrita foi algo que,
embora difícil ao início, apreciei muito, pois permitiu-me entrar na mente da
Auri, ver o mundo como ela o vê e compreendê-la, o que, de outro modo, teria
sido impossível. Embora com uma escrita diferente do seu normal por se adequar
a uma personagem específica, Rothfuss mantém uma escrita quase poética, com uma
leveza, requinte e elegância que a tornam melodiosa.
É de notar que este não é um livro para todas as pessoas, o
próprio autor explica isto na Nota de Autor e refere a importância da leitura
prévia dos dois primeiros livros das Crónicas do Regicida (O Nome do Vento e O Medo do
Homem Sábio), quem não o fizer vai acabar por se sentir completamente
perdido. Mesmo já tendo lido os livros mencionados existe uma grande
probabilidade de não gostarem desta novella
devido à sua peculiaridade, nas palavras do autor: This story is for all the slightly broken people out there. Apesar
disso, recomendo The Slow Regard of
Silent Things aos fãs de O Nome do
Vento pois, mesmo se não adorarem o livro tanto quanto eu é uma forma de
matar saudades tanto da Auri como da escrita de Patrick Rothfuss enquanto
esperamos pelo tão aguardado terceiro volume das Crónicas do Regicida.
5*/5*
#Beatriz
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